24 junho 2015

Chame Dante para solucionar seus problemas!

Autor: Giulio Leoni
Tradutor: Gian Bruno Grosso
Editora: Planeta do Brasil Ltda. 
Ano: 2007- 1ª reimpressão
Páginas: 364
Título Original: I Delitti Della Luce
(Os crimes da Luz)
Gênero: Ficção Italiana

Sinopse: A Florença de 1.300 esconde mais mistérios do que imaginam os meros mortais. Sussurram vozes sombrias que suas paredes medievais guardam o lendário tesouro do imperador Frederico II. Mas o que os cadáveres que remam a galé encalhada no pântano têm a ver com aquele segredo? E para onde foi o quarto homem que estava na cabide de comando da embarcação, o único que não bebeu o vinho envenenado? Questões nada elementares para o poeta e pior Dante Alighieri, cujos passos firmes descobrem um universo inimaginável de misticismo e razão. Muito maisque um thriller, Os crimes da Luz, de Giulio Leoni, é um desafio. O caminho para o reino da luz está submerso em trevas. 

Olá pessoal, vim trazer para vocês o segundo livro de Giulio Leoni do protagonista Dante Alighieri, onde este volta para desvendar mais um de seus mistérios. A sinopse desse livro é magnífica porque ela realmente nos dá a ideia do que o livro vai tratar. Achei ela bem precisa "o livro fala disso, o protagonista é essa, ele está em busca disso". Gostei bastante e ficou bem consagrado que o nosso Dante ranzinza voltará com sua genialidade novamente a atacar os culpados. 
-Saber é a missão do sábio. E saber de tudo é a ambição mais nobre- respondeu Arrigo depois de alguns instantes. {pag. 43}
 Cito esta passagem do livro exatamente porque ela descreve a própria ambição do protagonista. Em ambos os livros ele está investigando um assassinato em que vários são os suspeitos, isso para mim ficou bastante semelhante ao livro anterior mas não deixou de perder a riqueza dos detalhes nem a criatividade do autor. Logo no início do livro (pag. 16) o autor já descreve a presença de corpos dentro da galé -como na sinopse do próprio livro- e os posiciona ao redor de uma mesa como se, sem motivo aparente, tivesse morrido. Meu primeiro pensamento: a peste. Nessa época era comum e o que me deixou intrigada foi exatamente ele pensar o mesmo e logo em seguida afirmar que não era. O que os matou então? O protagonista não se detêm exatamente no que os matou e sim que existiu mais uma pessoa na cena.  Acho fantástico a criação desse cenário e quis esmiuçar esse pensamento porque eu não procuraria mais nada na cena, me deteria ao que matou os que ali estavam. Ou seja, passagem magnificamente trabalhada. 

Conforme o livro se desenrola nota-se que o próprio Dante está agindo como um vingador, como se estivesse realmente nos dizendo "pobres almas, elas foram mortas por alguma coisa e tem o direito de vingança. Eu sou seu vingador", por isso ele corre atrás dos fatos para descobrir, como se assim que descobrisse o culpado, as almas dos mortos descansariam em paz. Não preciso dizer que isso já chama a minha atenção totalmente, certo? Em muitos momentos do livro o próprio Dante confessa que era muito mais simples o mal do que o bem. Achei interessante porque parece que o próprio personagem reconhece que não anda fácil a vida de ninguém e, cá entre nós, a dele é realmente a pior. 

Muitos momentos do livro ele utiliza de expressões latinas para descrever espaços ou expressões, tais quais magister figurae mortae (pág. 40) quando ele se refere a um dos personagens do livro, Guido Bigarelli, pois descreve que ele era a pessoa que cuidava do morto. Nessa parte do livro, vai até soar divertido, mas eu me lembrei muito do filme Casa de Cera porque é assim que ele descreve o "morto" ou a forma morta que ele está observando. Aliás, a descrição do autor para as cenas, tanto de ação quando de investigação é impressionante. Ele consegue nos fazer até sentir o cheiro que a própria cidade tinha, juro para vocês. Nessa mesma cena, quando ele descreve o "objeto" -vou chamar assim mesmo- tive a impressão de poder tocar nele de tão bem retratado que estava. 

Esses corpos encontrados não são os únicos a serem descritos no livro. Tem vários outros mas para mim o mais bem descrito e, quem irá ler irá concordar comigo, é o do que se encontra sentado em uma cadeira. Achei fascinante a forma como o autor me fez imaginar isso. Vale lembrar que todo o livro é escrito no Centesimus ano do Jubileu, em 1300, Roma. 

Outra coisa que realmente me chamou atenção no livro são as citações mitológicas e até mesmo de criações de diversos poetas como, por exemplo Cila e Caríbdis que são os monstros que dominavam  estreito de Messina, entre a Itália e a Sicília que está presente na obra de Homera, a famosa Odisséia; Jano, o deus guardião romando do universo, ligado ao 1º de janeiro e geralmente é usado na porta das casas como proteção; o Uroboro, um símbolo conhecido como o eterno que descreve que os opostos não estão sempre em conflito e que nos remete a Alquimia e Minosse, que ao meu ver foi o melhor de todos, que diz a história que pediu um sacrifício a Poseidon e ganhou um touro (para sacrificá-lo) mas este era muito bonito e acabou o escondendo, quando Poseidon descobriu fez a sua esposa se apaixonar por o touro, originando Minotauro, o ser que Minosse trancafiou em um labirinto para esconder a fera que era. Todas essas referências foram usadas por Dante em diálogo, ou seja, nota-se que o rol das pessoas que se envolviam com ele possuíam grande influência, eram cultos e pensadores das demais áreas, o que enriquece o livro. 

Na época do livro ainda é aquela que tem a Inquisição, e gosto muito da forma como Dante explica a violência, acho bom ressaltar nos dias de hoje, pois ele diz que a tortura é uma demonstração de incapacidade do inquiridor de obter a verdade por meio da lógica (pág, 124) e não posso deixar de fora a minha parte preferida do livro que se encontra nas páginas 216-217 que é quando o protagonista encontra uma moça que é muda e ela explica para ele o reinado de Frederico através das peças de xadrez. Minha parte preferida, pois ela utiliza a representação da família real como as peças pretas e os intromitentes como as brancas, destacando bem os vilões. 

O ruim mesmo do livro é que ele tão repetitivo quanto o outro. Por exemplo, ele tem uma pegada que me lembra realmente o "Codigo da Vinci" e "Anjos e demônios" pois os crimes são ligados diretamente a um fato histórico e nos dois livros o modo de operar do protagonista foi o mesmo: um chamado, várias mortes e um crime resolvido que só ele sabe. Talvez eu tenha esperado mais do livro, mas não desmerece a obra, li com gosto e por esse motivo já iniciei o último da série. Infelizmente eu continuo com a mesma opinião do anterior: muitos dos diálogos são tão profundos que são chatos como, por exemplo, como é feito um espelho, que placas se usam para mantê-lo, insinuações das estrelas... No meu ponto de vista, isso é chato. Torna a leitura cansativa. Mas fora isso, o livro realmente é bom. 

Próximo livro da saga: A Cruzada das Trevas. 
Sobre o autor em si eu pretendo falar na próxima postagem com o fim dos livros do mesmo. 

Bruna  

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