03 setembro 2016

A casa dos espíritos

Autora: Isabel Allende
 Tradutor: Carlos Martins Pereira
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2006
Páginas: 448
Título Original: La Casa de Los Espiritus
(A casa dos espíritos)

Sinopse: Bestseller internacional considerado pela crítica um clássico da literatura latino-americana, "A Casa dos Espíritos", romance transcendental de Isabel Allende, conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, do Chile, com o seu patriarca angustiado e suas mulheres clarividentes. Trata-se de uma narrativa vertiginosa que se alimenta de si mesma e parece tender ao infinito. É no seu desfecho que se alcança o efeito trágico da obra cujo limite não é o esgotamento das narrativas, mas um golpe de Estado que metamorfoseia as narrativas em sangue nas sarjetas e as palavras em silêncio. Num panorama da história chilena que vai de 1905 a 1975, desfilam personagens como Esteban Trueba, latifundiário e senador; Clara, sua mulher clarividente e Alba, sua neta, jovem, socialista e, portanto adversária do patriarca e de seus cúmplices. 

Eu sempre me considerei uma leitora chata, uma vez que eu analiso o livro que vou ler desde a capa até sua temática –ao menos eu costumava fazer isso até ser desafiada a ler todos os livros que possuo em casa. Posso dizer que “A Casa dos Espíritos” foi um dos livros que eu mais me neguei a ler, fiz cara feia, choraminguei, mas como fazia parte da aposta, li e, por gostar, vim falar um pouco sobre ele.
Também confesso que não sabia da existência do filme, fiquei sabendo quando terminei o livro e minha mãe me informou que o filme era de 1993, pedindo desesperadamente se livro e filme eram parecidos. Até hoje não assisti.... Então essa questão não será respondida através dessa resenha –mas eu vejo o final de semana chegando, ou seja, nunca se sabe os meus planos para ele.
O livro tem como plano de fundo o período antecedente ao golpe militar ocorrido no Chile, explorando os costumes e tradições de três gerações de uma família exposta aquele cenário. A autora explora esse cenário ao demonstrar pensamentos que se aprimoram com o decorrer do tempo, reforçando a ideia de um amadurecimento social. Para quem leu o livro, vai perceber que os personagens tentam sobreviver em uma sociedade preconceituosa com novidades, porém curiosa o suficiente para aceitar maquinações, sendo muitas vezes inclinada ao misticismo.
A história passa a ter um contexto a partir do casamento de Estebán Trueba com Clara, uma jovem com tendências espirituais. Estebán é um homem violento e descontrolado, que anos atrás era apaixonado pela irmã de Clara. O que eu mais notei em Estebán foi a forma como ele conduz seus pensamentos e ações, o que me levaram a crer, como leitora, que ele está encenando o pensamento crítico que a sociedade impõe, uma vez que ele é conservador em todos os seus atos e, também, o que favorece o próprio fundo utilizado no enredo da história.
Já Clara, ao meu ver, representa a ideia liberal, inclinada a bondade, ao paranormal e, muitas vezes, sendo vítima das ações críticas de seu próprio esposo, como se pode notar ao final do livro, já quando Clara é mais velha. O único problema com Clara é sua demonstração de falta de realidade, uma vez que vive em um mundo em um mundo fantasioso que, muitas vezes, nos dá a entender que é criado por ela mesma para suportar os dias que passam arrastados em sua vida.
Não posso deixar de mencionar que os padrões do casamento entre Estebán e Clara é muito clássico, uma vez que a mulher deve obedecer as imposições de seu marido, inclusive aceitar suas traições, como acontece quando Estebán violenta Pancha Garcia, que passa a nutrir sentimentos de ódio por ele, uma vez que o seu filho jamais teria direito a herança do pai. Para quem não se lembra, os filhos não concebidos durante o casamento não possuíam direito a nada.... O livro é recheado com essa antiga tradição, onde somos arrastados diretamente a esse costume que, infelizmente, ainda tem vestígios hoje em dia.
Não sei se eu entendi direito o contexto do livro em si, mas o que eu senti durante a leitura é que a briga entre as classes sociais é muito explorada pela escritora, em especial quando ela narrada à paixão que nasce entre Blanca e Pedro Terceiro, filho de um empregado qualquer da localidade. As dificuldades enfrentadas pelo casal apenas dão um desfecho bonito ao livro. O que mais gostei durante a leitura é a forma como a autora consegue descrever as cenas que se sucedem durante o livro, e a boa escrita dela. Eu confesso que a escrita desse livro foi muito boa, não a melhor que já li, mas certamente uma das melhores. 
Por Bruna. 

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