22 agosto 2016

Apenas Um Garoto - Bill Konigsberg

Autor: Bill Konigsberg
Editora: Arqueiro
Ano: 2016
Páginas: 256

Sinopse: Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa.
Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco.
O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.





Olá! Tudo bom?

Apenas Um Garoto é mais um livro que segue a linha LGBT, mas esse tem um diferencial muito interessante, pois ele não trata do assunto de forma superficial como em One Man Guy (resenha aqui), onde expressei minha decepção, bem pelo contrário, ele se aprofunda na temática e levanta questões que nos faz refletir junto com o personagem.

Rafe é um garoto que está cansado de ser rotulado como o "garoto gay" e por este motivo decide que está na hora de trocar de escola e recomeçar do zero, não voltando para o armário, como ele mesmo diz, mas omitindo esse detalhe sobre sua sexualidade para então ter uma vida normal de garoto ao lado dos outros da mesma idade. E é assim que vai parar em um internato só para garotos em Natick.
- Estou cansado disso. Estou cansado de ser o garoto gay. Não quero mais isso para mim. Eu só quero ser, tipo, um garoto normal.
Logo no primeiro dia ele já faz amizade com os populares atletas e passa a conviver com eles e experimenta como é ser "normal". Tudo ia bem se não fosse um pequeno incidente que o aproxima mais de um dos atletas, Ben. Desde então a relação deles se aprofunda e Rafe começa a se questionar sobre manter a sua sexualidade em segredo, da mesma forma que Ben passa a refletir sobre a forma de amor entre eles, seria ágape? Ou quem sabe eros?
Todo mundo que eu amava se encontrava ao meu redor, mas eu não me sentia ali por inteiro, e, pela primeira vez, indaguei se minha decisão tinha sido um desastre. [...] Como me distanciei tanto do verdadeiro Rafe, se meu único objetivo era encontra-lo?
A única pessoa que sabe sobre a opção sexual de Rafe e o motivo de a esconder é seu professor de Redação, o qual lhe dá uma tarefa bem peculiar, escrever um diário sobre sua vida, numa forma de ele poder se conhecer melhor. Cada vez que Rafe lhe entrega a redação, o professor levanta alguns questionamentos, sobre seus sentimentos, o porquê de determinada frase ou expressão, entre outras coisas que o incitam a refletir sobre o assunto.

Um detalhe interessante, é que o livro além de ser escrito em primeira pessoa e sob o ponto de vista de Rafe, é como se estivéssemos dentro da cabeça dele só observando as coisas acontecerem, temos uma visão panorâmica de tudo, de seus amigos, de suas relações e inclusive de seus sentimentos e emoções, mas pouco conhecemos dele fisicamente, algumas coisas até são largadas no meio da estória, porém passam despercebidas se não lidas com atenção, como quando ele comenta que não tem um porte físico como dos colegas, mas não diz exatamente como ele é.

Enfim, o livro é bem mais do que um romance gay, é uma estória que trata do papel da família e dos amigos na descoberta da sexualidade, sobre amizade,  racismo, aceitação e tolerância, mas principalmente sobre rótulos. Ele deixa uma mensagem clara quando o próprio título diz "Apenas Um Garoto", pois temos que parar com a mania de falar nosso "amigo gay" ou nossa "amiga lésbica", é apenas nosso amigo. Por que sempre temos que rotular tudo? Será que isso é realmente necessário para podermos conviver com alguém?
É difícil ser diferente. E talvez a melhor a resposta não seja tolerar as diferenças, nem mesmo aceitá-las, e sim celebrá-las. Talvez essas pessoas que são diferentes se sentissem mais amadas e menos... bem, toleradas.
Até a próxima!

Por Jess

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