14 novembro 2015

Entrevista com o autor - Ygor Moretti

Olá leitores!

Estamos trazendo mais uma entrevista para vocês, dessa vez com o escritor Ygor Moretti, parceiro nosso!

Primeiramente, gostaríamos de agradecer a ele por ter respondido nossa entrevista e nos dado a oportunidade de conhecê-lo melhor. Em segundo, aos nossos leitores, esperamos que gostem da entrevista. 

1 - Qual a sua principal inspiração? De onde você tira e cria seus personagens e enredos? 

Não tenho uma inspiração especial, na verdade inspiração é apenas uma fagulha, um estalo. As idéias para os textos surgem como questões ou inquietações. Sempre com uma pergunta, por exemplo: E se um menino gostasse de assustar as pessoas e fosse especialista nisso? Como seria essa história? Ou ainda, e se um homem voltasse a vida de cinco em cinco anos depois de morto? Como seria essa história, como seria a reação das pessoas ao seu redor?

Não me prendo a inspiração de certa forma até ignoro um pouco, mas mantenho a mente aberta para o que acontece ao redor, nos jornais, nas ruas, na vida das pessoas ao redor tudo serve de gancho pra uma história. As vezes nos lugares mais improváveis pode surgir alguma história, por isso ler diferentes tipos de textos, filmes, e até longe das artes, estando atento pode-se achar uma boa história por toda parte.

2 - Você, falando como leitor nesse momento, já deve ter sentido entusiasmo por algum livro. Que livro seria este? Ele pode ter sido uma das suas influências na sua carreira?

Alguns livros que me marcaram e de certa forma incentivaram a ser um leitor mais assíduo e também um escritor...

O primeiro foi Fernão Capello Gaivota, depois desse livro vi que ler era algo muito legal e comecei a procurar outras coisas.

Depois por iniciativa própria e não da escola fui ler os clássicos brasileiros e encontrei Machado de Assis e Graciliano Ramos, esse ultimo que me influencia na forma de escrever, rico e sucinto. Drummond e Augusto dos Anjos ajudaram e firmar raízes na literatura e buscar mais, além, Kafka, Saramago e tantos outros servirão de referência para ser um leitor melhor, um autor melhor e até mesmo uma pessoa melhor.

Mas nem só os clássicos servem como referência, de vez em quando vou a prateleiras dos mais vendidos, e sem preconceito acho coisas boas ali, diferentes que se não são obras primas, podem proporcionar um bom entretenimento. Um livro que me causou ótima surpresa e está entre os meus favoritos, é "Extraordinário" de J.R. Palácios, é bem escrito, comovente e surpreendente.

3 - Qual a sensação que você tem ao ver seu trabalho publicado? 

Eu fiz publicações independentes, em pequenas tiragens custeadas por mim e também em e-book. Sinceramente essas publicações não alcançaram o público, por diversos motivos, concorrência, falta de propaganda etc. Porém, o livro de contos Do Som ao Impacto foi minha única publicação feita totalmente pela editora. Apesar de pouca ou nenhuma publicidade, foi muito bom a noite de lançamento, ver o livro pronto, bem diagramado, o livro produto mesmo. Mas não sinto ainda o sonho de ser publicado alcançado, porque mais do que ser publicado, o desejo do autor é ser lido e isso é o mais difícil de acontecer nos dias de hoje.

4 - Você teve alguma grande dificuldade? Levando em conta quando descobriu que era com isso que gostaria de trabalhar até o momento em que decidiu apostar tudo na carreira de escritor?

Carreira de escritor? Existe isso? Claro que escritores tem suas trajetórias e carreiras, mas não dá forma que pensamos, do tipo qual sua profissão? Com o que você ganha dinheiro? - Sou escritor.

Isso é raro hoje em dia, todas as pessoas que escrevem, salvo raras exceções tem duas ou mais funções e profissões paralelas. Mas por outro lado para ser escritor é obrigatório muito investimento de tempo, pesquisa, leituras e práticas. Ai sim mora minha principal dificuldade, ter tempo para escrever, revisar, reescrever, editar, por isso demoro cinco vezes mais para escrever e acabar um texto, e lamentavelmente, passo tempos sem escrever nada.

Mas para quem quer escrever digo o seguinte, pegando embalo no que Rilke falou em seu livro Cartas para um jovem escritor: Pense se você conseguiria viver sem escrever... Se a resposta for sim, conseguiria viver sem escrever, então nem comece, nem perca mais tempo com isso, pois as frustrações serão muitas, o incentivo de outras pessoas será nulo quase zero e as recompensas também poucas ou inexistentes. Claro que queremos publicar, ser lidos e porque não ganhar algum dinheiro com isso, mas essa não deve ser os primeiros objetivos ou motivos, escreva unicamente porque você ama escrever e sem aquilo, sua vida seria totalmente sem graça, mecânica e ordinária.

5 - Uma dificuldade que muitos dos nossos conhecidos escritores tem são os picos de criatividade, ou seja, em um momento ou outro os personagens te abandonam. Qual o conselho que você daria para as pessoas quando passam por essa fase?

A dica é: Não fiquem refém da inspiração, vou usar uma frase bem batida e até clichê mas verdadeira, escrever é 5% de inspiração e o resto transpiração, transpirar de tanto escrever e reescrever buscando o melhor, transpirar de tanto buscar novas informações e conhecimento sobre o assunto que se quer escrever, transpirar em ler novos autores, estudar literatura, buscar referências etc. Para que esse branco ou bloqueio não aconteça o que aconselho a fazer é um projeto literário, traçar o plano da sua história, ter em mente o que vai fazer antes mesmo de começar, e não, nunca, deixar ser levado pela inspiração que é traiçoeira e instável.

6 - Se pudesse mudar algo na sua carreira e no seu trabalho, mudaria?

Gostaria de ser mais dono do meu tempo, pois o tempo que tenho raramente é meu, é o tempo da empresa que trabalho e dos compromissos, queria poder planejar e cumprir as tarefas ao longo do dia sem deixar nada para trás. Ter o tempo de descansar, tempo de trabalhar, tempo de escrever e tempo pra não fazer nada, absolutamente nada. É bom ter a cabeça vazia em por alguns momentos, o tal ócio criativo. 

7 - Você escreve em sites de cinema. Hoje temos muitas adaptações de livros para o cinema e vice-versa. Existe algum livro/filme que te decepcionou e que você mudaria alguma coisa? Poderia contar para nós?

Eu escrevo em meu blog o www.moviemento.blogspot.com, escrevo também no Cenas de Cinema e escrevi por um bom tempo no Cinemista. Em geral gosto das adaptações e normalmente elas não me decepcionam, porque nunca espero rever o que está nos livros transposto para as telas. Se for uma adaptação terá coisas diferentes, adaptadas. No entanto não gostei da adaptação do livro O lado bom da vida, as atuações e direção foram ótimas, mas no livro tem um mistério que segue até o final da história e no filmes não sei porque revelaram isso nas primeiras cenas. 

Um caso de adaptação que causou estranhamento mas eu gostei muito foi do livro O Hobbit, o diretor acrescentou coisas que não existem, e fez de um livro, três filmes, puramente por motivos comerciais, lamentável, mas a verdade é que acabou por fazer três otimos filmes, então nesse caso as mudanças foram para melhor, na minha opinião.

8 - O que você espera no futuro, com foco nos livros que publicou? 

Sinceramente sou um pouco pessimista com o futuro dos meus livros, temo que sejam esquecidos ou nem mesmo sejam descobertos, mas vou trabalhar procurar fazer algumas campanhas de marketing para divulgá-los melhor. De todo modo, fiz a minha parte quanto a escritor que é escrever. Meu compromisso é escrever cada vez melhor (tentar) para alcançar o publico e as editoras, mas por melhor que faça, nada é garantia de ser lido ou descoberto. Nesse caso volto ao que falei acima, vou cumprir com o meu propósito que é acima de tudo, primeiro de tudo escrever.

9 – Sabemos que está envolvido na produção de um novo livro, seu primeiro romance. Poderia nos contar um pouco sobre ele?

São dois livros na verdade, um de contos que já escrevi mas estou na fase de revisão e edição. Nesse livro de contos existe uma história que me surgiu como poema primeiramente, depois desse poema escrevi o conto e depois do conto vou fazer um romance dessa mesma história.

Trata-se de uma romance histórico recente, deve se passar nas décadas de 80 e 90. É a história de um homem que depois de morto volta a vida de cinco em cinco anos e vai se deparando com as mudanças no mundo, mudanças entre seus conhecidos e mudanças no próprio corpo. Será algo mais cômico, não tão dramático e já tenho tudo rascunhado, os capítulos resumidos, a estrutura do romance pronta, os perfis dos personagens completos, falta sentar e escrever, quero no ano que vem começar a fazer isso.

No mais obrigado pela oportunidade e abraço a todos!!!

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